Saudades
de minha terra, onde tem montes e planície, onde a coruja pia no toco, e o
sábia na laranjeira.
Onde o verde é
muito e os pássaros voam livremente, onde a água corre na bica e os cachorros
no terreiro, onde o boi berra no curral e os cavalos galopam livremente,
saudades de minha terra com seus montes bem altos cobertos pelas árvores e
pedras.
Saudades de minha
terra onde se acorda com o cantar dos pássaros no pomar e o galo no poleiro,
onde nas madrugadas o galo anuncia o prenuncio de um novo dia, onde se ouve o
barulho da água caindo no cocho de madeira.
Saudades de onde nasci nos campos floridos pela florada do café, dos
melros nos coqueiros e dos sanhaços nas fruteiras, onde a curva do rio esconde
as casas e as matas elevadas aparecem.
Saudade de tudo que deixei no mato mais bonito que já vi, saudade do
tempo de criança que não volta mais, das estradas cheias de poeiras vermelhas,
e da angola cantando com mais uma ninhada, saudades de tudo que ficou na
lembrança do tempo de criança.
Saudade de
minha mãe na janela com seus cabelos de coque preso pelos grampos, de meu pai
com seu machado a cortar lenha, dos irmãos pequenos brincando de bola de meia.
Saudades dos
campos verdes onde pastoreava os cabritos que saltavam sem parar, da vaquinha
cumbuca e de sua filha cumbuquinha.
Saudade do
alazão que corria como o vento quando ia na cidade, saudade da charrete
enferrujada e da lanterna grande que carregava.
Saudade do
rádio de pilha que pendurava para funcionar, e até dos chinelos de couro que
remendava para usar.
Saudade de
tudo que vivi no mato das cobras e dos sapos que dançavam no lamaçal, dos
peixinhos do rio de água doce, e dos grandes que comprava do mar.
Saudade de
minha velha casinha de tijolos sem rebocos e do telhado a despencar, da família
dos Pereira e dos meeiros de lá.
Saudades do
café coado no coador de pano e no mancebo, da frigideira de ferro que fritava
ovos, e do cobertor de algodão fiado pela minha vó.
Saudade de
minha pacata cidade e de todos que lá deixei.
Saudade de
Minas Gerais de minha terra natal Córrego da Saudade.
Texto
escrito por Luzia Couto. Direitos Autorais Reservados a autora.
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