Minha pequena história parte III. Me
lembro de uma certa vez eu tinha uns 09 ou no máximo 10 anos e estava na casa
de minha avó junto de Isabel minha irmã mais nova, então meu pai estava de
bicicleta e iria até a cidade, meu avô precisava de ir e como ninguém tinha
carro eles andavam de charrete, então meu pai deixou a bicicleta encostada e
foi de charrete com meu avô. Eu muito serelepe chamei a Isabel e disse vamos
aprender andar de bicicleta o terreiro aqui é grande, pela primeira estava
pegando numa bicicleta mandei a Bel sentar na garupa encostei a bicicleta perto
de um degrau e pedalei e caímos foi um, dois, três, 10 tombos minha irmã
desistiu depois disto, eu continuei teimei e aprendi neste tempo meu pai estava
pra chegar tínhamos que varrer o terreiro todinho por causa das marcas do
pneu e mesmo assim ainda meu pai viu alguns sinais do pneu e disse vão apanhar
as duas, não sabem que não pode andar de bicicleta. Apanhamos uma surra de
chicote e depois passei muito tempo sem olhar para uma bicicleta, Bel até hoje
não sabe andar. Também lembro quando minha irmã mais nova nasceu nós estávamos
brincando debaixo de um pé de cutieira que a gente balançava em seus galhos, e
ouvimos nossa mãe mandar a gente ir passear na casa da vizinha, achei estranho
nunca que podíamos ir, agora do nada mandando ir, falei com as irmãs menores
vamos aproveitar e pegar goiaba do pé de goiaba do buracão. Um perigo este
buracão tem uns 30 metros de altura, mas antes de ir ouvi um choro de bebê
voltei correndo com as meninas e entrei no quarto nesta época existia era
parteira eu e minhas irmãs nascemos todas com parteira, olhei e disse uai e
este bebê, nesse tempo minha avó chegou e disse sai menina é sua irmã e nem
esperou a parteira, nasceu sozinha. Fiquei tão alegre Adriana era moreninha
clara muito linda é linda até hoje.
Outra coisa que não esqueço são as histórias
de minha mãe, eu atormentava a coitada com as histórias enquanto não contava eu
não deixava em paz, me lembro de uma que dizia mais ou menos assim. Um rei
muito rico tinha uma única filha muito bela que queria se casar e o rei com
medo de ter que deixar sua fortuna não queria que a filha se casasse. Então
ficava inventando desculpas para não conseguir um marido, um dia a moca disse
papai se eu não me casar me matarei. O rei disse então vou lançar sua sorte o
rapaz que conseguir trazer o touro belo no curral se casará com você. Este
touro era selvagem havia matado todos que aproximaram dele. Mais de mil
pretendentes, havia sido morto por touro belo, enquanto isto o tempo passava e
os rapazes da região estavam se acabando, e a princesa ficando cada vez mais
velha. Não restava muitas opções tinha um pobre agricultor que trabalhava nas
terras do rei muito humilde e simples ele tinha nossa senhora como madrinha,
então a princesa disse Joãozinho se você trouxer o touro belo no curral eu me
caso com você. E se não trouxer meu pai te mata, não tem escolha, ele foi para
seu canto sentou e começou a chorar, neste tempo dormiu e a madrinha lhe disse
em sonho o touro virá mas terá que dizer estas palavras, e usará também os
objetos certos, uma bacia de ouro que nunca foi usada, uma guiada com chocalho
de ouro, e muitos litros de vinho, você vai dizer ao touro assim depois de
despejar o vinho para ele de pouco a pouco até chegar no curral. Joãozinho foi
até o rei e pediu muitos litros de vinho, uma bacia de ouro e uma guiada, tudo
concedido na manhã seguinte traria o boi no curral.
A princesa estava tão preocupada em se
casar que ficou rezando por Joãozinho que se aproximou mais ou menos uma
distância e balançou o chocalho da guiada e disse: Touro belo, pelo Deus que te
criou, pelo leite que você mamou há de parar no curral do meu senhor, despejou
um pouco de vinho o touro tomou e ele foi dizendo a frase e despejando o vinho,
assim ele levou o touro belo no curral do rei. O rei quando viu que touro belo
estava preso no curral se indignou e mandou matar o rapaz, como ele havia
conseguido, se deixasse a princesa se casar ele herdaria toda sua fortuna, mas
a princesa entrou na frente e disse se matar ele eu me mato disse com uma
porção de veneno no copo, diante da situação o rei foi obrigado a realizar o
casamento. Esta história eu ouvi muitas vezes minha mãe contava ela todinha é
grande eu não lembro dela toda. Entre outras coisas me lembro com muita saudade
de quando meu avô paterno morava numa casinha sozinho e na época se comia muita
rosca seca, eu ia lá pedir meu avô um pedaço da quela rosca que parecia uma
argola grossa feita de trigo e sal. Não tem gosto de nada hoje, mas na época era
uma delícia meu avô pegar a sacola com 10 roscas e me dar uma para comer
molhada na água doce de açúcar. Como era gostoso ele dizia coma fia tem mais.
Hoje a coisa não tem o mesmo sabor da infância. A história continua na próxima
parte.