O dia em que morri!
No dia em que eu morri, havia festa
na cidade,rodeios, comidas tipicas e dança. Depois de muita
bebedeira e dançar muito,minhas amigas chamaram para irmos embora.
Retruquei,não vou agora, eu não bebi nenhuma cerveja apenas dancei.
Anda vamos embora agora, minhas amigas estavam muito bêbadas embora
não apresentassem sinais de embriagues. Então perguntei,quem vai
dirigir? Maert disse : Eu dirijo! Bebi pouco apenas fingi beber.
Mas,eu supliquei a Maert para que ficasse um pouco mais comigo,afinal
eu não havia bebido, além do que tinha um rapaz me dando o maior
mole. Havia um moreno lindo bem na mesa ao lado, ele mandava
beijinhos e piscava o olho pra mim. Eu fingia que não via, fazia
charminho, mas,estava radiante por dentro,eu nunca havia namorado.
Senti por vários instantes vontade de aproximar da mesa e saber seu
nome,mas, era muito tímida pra isto. Beth aproximou dizendo, Maert
vamos embora agora, se as meninas não quiserem ir podem
ficar,mas,nós duas vamos. Foi então que Renata disse : Agora todas
me ouçam! Viemos juntas e vamos voltar juntas,ninguém vai ficar
para traz.
Na rua antes de entrar no carro fui
repreendida por renata que me disse que eu estava a paquerar um moço
acompanhado da namorada. Eu disse você está louca! Ele estava me
paquerando,mandando beijinhos e piscando o olho. Maert chamou
atenção por causa de falar alto, agora coloquemos cintos,vamos
embora. Eu perguntei quem vai dirigir? Claro Maert,ela estava menos
alcoolizada, ela deu a partida e nenhuma de nós estava de cinto,o som
estava no volume máximo. Todas falavam ao mesmo tempo, eu com medo
dizia cuidado ai motorista,as curvas são perigosas,estrada
estreita,eu não quero morrer hoje,antes quero conhecer aquele moreno
da festa. Todas vaiaram, como vai saber ,talvez nem o veja mais.
Maert estava sonolenta e as meninas cantavam, eu sentia medo e
implorava para elas concentrarem na viagem que era bem longa, mas,em
poucos minutos a cantarola acabou e elas dormiram. Estando no banco
da frente eu tinha por obrigação de não deixar a motorista dormir
no volante, mas, que nada mesmo sem beber eu estava exausta. Por
varias vezes falei com Maert dizendo que eu podia dirigir,mas ela não
me deixava dizia que estava bem,talvez eu devesse tomar o volante de
suas mãos, pensei. Nessa hora Renata ligou o som novamente e disse
ninguém vai dormir, corra menos viu motorista, parecia que a estrada
aumentava e só via placas dizendo curva perigosa. Meu coração
quase saia pela boca naquelas curvas,o carro parecia voar baixo e o
som estava no último volume, consegui ler uma placa apesar de
rápido, dizia carretas na pista a seguir,cuidado curva
perigosa,verifique os freios. Em segundos começou um transito
intenso de caminhões de placas de granito, muitas curvas seguidas,
Maert corria mais. parecia que ia voar, em desespero tentei tomar o
volante em vão,buzinei o máximo para alerta la do perigo,parecia que
ela estava em outra dimensão.
Foi nessa hora que um caminhão vinha
bem a frente, eu gritei cuidado! Não deu tempo de nada mais. Foi uma
colisão terrível! Em segundos tudo estava acabado. Olhei Maert ela
estava com os olhos esbugalhados, pescoço quebrado. Renata quebrou
toda nada estava inteiro,Beth estava com o corpo dividido ao meio
pelas ferragens. Eu estava sem uma perna e minha barriga estava
aberta com tudo para fora. Estávamos todas mortas. Eu tentava chamar
as meninas dizendo levante ainda estamos juntas,mas era inútil chamar
por elas, em poucos minutos começaram a chegar ambulância e muitos
socorristas. Finalmente dei conta estávamos mesmo todas mortas. Ouvia
vozes e muitas pessoas curiosas dizendo estavam todas bêbadas, eu
gritava não, eu não bebi. Ninguém me ouvia, aos poucos nossas
famílias chegaram,muito choro lamentação, todos procurando um
culpado. O motorista do caminhão afirmava que Maert havia entrado
embaixo do caminhão, embora ferido ele estava lúcido. Foi terrível
eu ali vendo minhas amigas todas destruídas,mas, doeu mais quando vi
minha mãe aproximou de meu corpo chorando e falava porque você me
deixou minha menina,tão linda jovem, meu coração que já não
batia parecia bater,eu afagava seus cabelos em lágrimas e dizia em
seu ouvido eu te amo mãe,me perdoe, não foi minha culpa, eu não
bebi. Foi um dia trágico em nossa cidade. Quatro velórios, nossas
famílias desoladas eu via tudo,corria ao encontro de todos tentando
conforta los, tentei falar com minhas amigas para ver eu conseguia ver
tudo elas também poderiam. Mas nada elas não reagiam,apenas eu
voava de um lado ao outro no meio do povo que chorava e lamentava
nossa partida. Foi este ultimo instante que me recordo,aproximei de
minha mãe dei um beijo demorado em seu rosto e enxuguei suas
lagrimas, apertei seu corpo junto ao meu numa ultima tentativa dela
me sentir. Foi assim que vi quatro pessoas de branco aproximarem de
nossos corpos na caixão e nos tomar pelas mãos sem dizer nenhuma
palavra nos tirou dali. Então acordei assustada, meu Deus que sonho
terrível foi este? Ainda bem que foi um sonho, não quero morrer
agora.
Autora Luzia Couto.Direitos
reservados Lei 9.610/98 Ipanema Minas Gerais Brasil. 30/04/2020